Súmula ou resumo | O Japão, na última década do século XVI, apresenta-se como o palco onde se assiste a um confronto entre Jesuítas e Franciscanos. Em primeiro lugar esta rivalidade é fomentada pela inserção das ordens em esferas de interesse político e económico divergente. Para o poder castelhano, sediado em Manila, a presença franciscana no Japão será fulcral, não só para uma necessária aproximação política mas, sobretudo, para o incremento das relações comerciais entre os Japoneses e os Espanhóis estabelecidos em Manila. Por outro lado, na ausência de um poder político tão próximo do Japão quanto estava Manila, será a Companhia de Jesus a principal garantia de uma ligação do Japão aos interesses portugueses, quer através da sua função reguladora no comércio entre Macao e Nagasaki, quer como elemento indispensável para a integração do Japão no Padroado Português do Oriente. No entanto, esta rivalidade também será estimulada por duas concepções de missionação completamente distintas, reflexo do modo como jesuítas e franciscanos concebem a relação da Igreja com o mundo. A missionação franciscana será determinada pela tradição medieval e caracterizada por uma recusa na cedência … diversidade do espaço em que se está inserido, fazendo a apologia da implantação de um modelo único de Igreja. Simultaneamente, o Japão assistirá … actividade missionária dos Jesuítas, resultante de uma nova sensibilidade reformadora, emergente no seio da Igreja Católica. Alessandro Valignano, Visitador da Companhia de Jesus no Japão, expressa a sua discordânia com a metodologia missionária franciscana também, em grande medida, a partir da experiência dos primeiros missionários. A concepção da missionação de Valignano é particularmente evidente na Apologia, uma obra que reflecte a necessidade urgente de estabelecer uma igreja que evoluísse no espaço nipónico a partir da experiência e conhecimento das características desse mesmo espaço. |